Assistente Social, Valdemar Alves - Email:valvesf@hotmail.com
Graduado em Serviço Social, pós-graduado em Políticas e Práticas de Promoção Social. Palestrante nas áreas de Direitos Sociais, IST/Aids, etc...
quarta-feira, 25 de novembro de 2015
quarta-feira, 21 de outubro de 2015
QUEM SOU?
Graduado
em Serviço Social, pós-graduado em Políticas e Práticas de Promoção Social.
Participação de diversos congressos nacionais e internacionais sobre direitos
humanos e HIV/AIDS, na qualidade congressista/expositor e apresentação de
pôster. Extensões Universitárias: SUPERA Sistema para Detecção do Uso Abusivo e
Dependência de Substâncias Psicoativas: Encaminhamento, Intervenção breve,
Reinserção Social e Acompanhamento Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP);
Curso de Capacitação Social em Programas de Habitação de Interesse Social
Universidade Federal de Santa Catarina. Curso Fortalecimento de Redes de
Atenção e Prevenção à Violência no Território ENSP FIOCRUZ. Atuação voluntária
no Grupo de Apoio à Prevenção à Aids da Cidade de São Paulo. Voluntário
do Grupo de Apoio à Prevenção à Aids - GAPA – SP, de junho de 1996 à
dezembro de 2001. Neste período atuou em vários projetos de educação e
prevenção às DST/Aids e Direitos Humanos para populações específicas como:
pessoas vivendo com HIV/Aids, LGBT e seus familiares. Palestrante sobre vários
consignas: Trabalho do Profissional de Serviço Social em Habitação de
Interesse Social; Sistema Único de Assistência Social-
SUAS; HIV/AIDS: Educação e Prevenção na
Contemporaneidade; Diversidade e Gênero e etc...
Igualdade de Gênero e Homofobia: Uma Política Por
Construir
Valdemar Alves Ferreira – Assistente
Social
Artigo Publicado e agraciado com menção honrosa no 3º Premio “Construindo a Igualdade de Gênero”,
promovido pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
(CNPq), e a Secretaria Especial de
Políticas para as Mulheres.
O
Brasil é o campeão mundial de assassinatos de gays, lésbicas e travestis. A
cada três dias os jornais divulgam a morte de mais um homossexual, vítima da
homofobia, vítima de crime violento. O Brasil é um país contraditório, pois ao
mesmo tempo em que exporta travestis para a Europa, que aplaude no carnaval os
transformistas, no dia -a - dia, discrimina, humilha e mata homossexuais.
O
ano de 1977 pode ser considerado como a data inicial do Movimento Homossexual
Brasileiro: nesse ano, a convite do advogado gaúcho-carioca, João Antônio
Mascarenhas, o editor do Gay Sunshine, Winston Leyland, fez uma visita ao
Brasil, sendo cancelada sua conferência na Universidade, mas recebendo enorme
divulgação na imprensa nacional. Estimulados por este fato, alguns intelectuais
gays do Rio de Janeiro e São Paulo fundaram, em abril de 1978, o primeiro, e
até hoje, principal jornal homossexual brasileiro, O Lampião, o qual serviu de
veículo e reforço para a fundação em São Paulo, no ano seguinte - fevereiro de 1979 - do primeiro grupo brasileiro de militância gay - o Somos, que adotou o
mesmo nome da pioneira revista homossexual publicada na América do Sul pela
Frente de Libertação Homossexual da Argentina.
Nessas
quase quatro décadas de afirmação homossexual, mais de uma dezena de
intelectuais gays publicou artigos e livros tendo a homossexualidade como tema
- ensaios literários, pesquisas e estudos sobre diferentes aspectos da
subcultura gay no Brasil. Mais da metade desses autores ostenta em comum, além
da orientação homossexual, a particularidade de terem em algum tempo de suas
vidas militado no MHB - o Movimento Homossexual Brasileiro - ou participado de
jornais e revistas de afirmação homossexual. Entre esses autores, destacam-se:
Darci Penteado, Herbert Daniel, João Silvério Trevisan, Luiz Mott e Richard
Parker. A falta de esprit de corps entre os amantes do mesmo sexo tem raízes
profundas e antigas entre os homossexuais, pois sendo a sodomia considerada
pela tradição lusobrasileira como o mais torpe, sujo e desonesto pecado, crime
punível com a morte na fogueira, a estratégia de sobrevivência desta população
sempre foi o individualismo, o ocultamento e a clandestinidade.
Diferentemente
do judeu e de outras minorias que, mesmo perseguidos, alimentam o orgulho de
sua tradição, desenvolvendo mil mecanismos de socialização intragrupal, a
lésbica e o gay são seres solitários que rarissimamente podem contar com algum
modelo de aprendizado de como ser homossexual. A biografia da maior parte dos
membros desta minoria inclui todo tipo de discriminação: insultos, surras,
psicoterapia compulsória, expulsão de casa, assassinatos. Ainda hoje, é comum
ouvir-se de pais e mães brasileiros: “prefiro um filho morto do que veado”. Há
registros de famílias que mataram ou mandaram matar seus filhos quando
descobriram que eram homossexuais. Há dois governadores na história recente do
estado da Bahia que o povo aponta como mandantes do assassinato, um de um
filho, outro, do genro.
Embora
desde 1821, com a extinção do Tribunal do Santo Ofício da Inquisição, e de
1824, com a promulgação da primeira Constituição do Brasil, a sodomia tenha
deixado de ser crime, não obstante, persiste ainda a mesma ideologia machista
cristalizada no ditado nordestino: “bicha tem mais é que morrer!”. A ideia
bíblica do sexo somente para a procriação tem sido um forte aliado na
construção preconceituosa da homossexualidade. É preciso discutir o que nos
motiva e o que buscamos numa relação sexual sadia. É algo que não se restringe
à procriação. Além disso, a repressão de nossos desejos pode ser causa de muito
sofrimento e infidelidade. O preconceito nasce da falta de informação e,
geralmente, é reproduzido automaticamente.
Esse
comportamento alimenta a intolerância e destitui de cidadania todos os que se
diferem dos padrões considerados “normais” num determinado contexto. A
homossexualidade é ainda um tema cercado de mitos, tabus e preconceitos. Para
mudar essa realidade, é fundamental discutir os padrões de “normalidade”
impostos pela sociedade e as manifestações da diversidade. É fundamental
encarar a homossexualidade como orientação sexual. Não se trata de escolha. A
única diferença entre héteros e homossexuais é o objeto de desejo.
Por
fim, discutir o gênero, a homofobia e o respeito à orientação do outro é
urgente. Se a educação é uma ferramenta de transformação social, a identidade,
nesse plano, é essencial. Se eu não sei quem sou, provavelmente não saberei me
valorizar. O caminho é buscar mecanismo que atinja a ética do ser ou da
convivência entre os iguais. No entanto, o respeito não pode ser apenas uma
bandeira. Tem que ser um exercício de fato, que contemple a cidadania do
homossexual, da lésbica, da mulher, do negro, do índio, do estrangeiro, da
pessoa com necessidades especiais.
terça-feira, 20 de outubro de 2015
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